A Encenadora



- PERFIL -


Nome: Maria Teresa Quintela

Idade: 47 anos


Profissão: Professora de Português, TEC e "Expressões" no ensino profissional. 


Licenciatura: Línguas e Literaturas Modernas Português/Francês


Naturalidade: Valpaços


Obra(s) preferida(s) de Eça de Queirós: Os seus contos 


Experiência em teatro: Participação num workshop intensivo patrocinado pela Câmara Municipal; responsável pelo grupo de teatro "Lua Nova", na Escola Secundária João da Silva Correia.

Lua Nova

 A história do nascimento da “Lua Nova” na Secundária João da Silva Correia remete-nos para o ano lectivo de 2003/2004, quando um grupo de alunos, no âmbito da Área Escola, proprõe a uma professora, Teresa Quintela, a adaptação teatral do livro “A Lua de Joana”. A elaboração da referida peça foi uma experiência “muito positiva” e “partilhada por todos”, como refere a encenadora, o que levou, nesse mesmo ano, à participação, tanto da professora, como de alguns alunos, num workshop intensivo de teatro promovido pela Câmara Municipal de São João da Madeira.

 Aproveitando o embalo do ano anterior, os próprios alunos sugerem a criação de um grupo de teatro na escola, que se alargaria a toda a comunidade escolar. Da concretização deste desejo, surge o grupo “Lua Nova”, cujo nome é inspirado numa das mais conhecidas obras de Maria Teresa Gonzalez e na vontade dos alunos em fazer renascer o teatro na sua escola.

Peças

  O grupo de teatro “Lua Nova” funciona como um clube, em que todos os alunos da escola podem entrar e fazer parte do mesmo, se assim o desejarem. É dedicado uma hora por semana a esta arte,  cuja responsável é a professora Teresa Quintela.

 No ano lectivo em que foi fundado este Clube de Teatro, fez-se a adaptação do texto “A Farsa de Inês Pereira”, de Gil Vicente, para a actualidade. Levada à cena no auditório dos Paços da Cultura, esta peça mereceu o elogio de um actor do grupo de teatro Seiva Trupe. No ano lectivo 2005/2006, apresentam a peça “Bocage”, cujo autor é o realizador português Lauro António.

 No ano passado, foi levado à cena a peça “Confissões de adolescentes” em que foram feitas algumas modificações à peça original: as referências espaciais passaram para o Porto e dá-se uma maior relevância ao papel da única personagem masculina que se encontra em palco. Quanto às músicas, a selecção das mesmas ficou a cargo dos alunos participantes. Neste mesmo ano, a escola João da Silva Correia é convidada a participar no Primeiro Festival de Teatro e apresenta a peça “O Vagabundo das mãos d’oiro” de Romeu Correia, sendo a sua encenação fiel ao original.

 Para além destas peças, são também feitas dramatizações no final do primeiro período de cada ano lectivo.

Confissões de Adolescentes

 "Confesso que tive inveja da Teresa Quintela, encenadora da peça Confissões de Adolescente, que o grupo de teatro da escola secundária João da Silva Correia levou à cena nos Paços da Cultura. Não pelo sucesso a que o magnífico texto, de Maria Mariana, trabalhado pelo grupo Lua Nova, dirigido pela Teresa, necessariamente levou. Não pelos aplausos que, sob as luzes da ribalta, merecidamente acolheu. Não! Tenho inveja é por não ser meu o privilégio de trabalhar com aqueles cinco jovens actores, que imprimiram uma excepcional vivacidade e beleza à peça: a Ana Patrícia Almeida, a Catarina Sequeira, a Isa Coelho, a Mariana In. Uba e o João Cruz. A naturalidade, a segurança, o ritmo, a voz, o gesto, a coordenação, o domínio do texto, a facilidade com que entraram e seguraram os personagens deliciaram o público, agarrando-o do princípio ao fim. Na sala dos Paços da Cultura, devido à sua configuração, os actores estão muito expostos e, mesmo assim, quando alguns dos espectadores se excederam com interpelações inopinadas, não houve a mínima perturbação no desempenho."


Josias Gil, n'O Regional, edição de 15 de Setembro de 2008

Em torno de Eça

 Quando foi lançado o “desafio de Eça” a todos os grupos de teatro que participariam no Segundo Festival de Teatro, a coordenadora do grupo “Lua Nova” resolveu abordar o tema de forma a que este servisse de introdução aos alunos, isto é, como o livro “Os Maias” é leitura obrigatória no ensino secundário, esta professora decicidiu criar uma peça de teatro que permitisse dar a conhecer aos seus alunos - tantos aqueles que participaram na mesma, como aqueles que iriam assistir – quem foi Eça de Queirós, em que escola literária se insere, entre outros aspectos que apenas serão leccionados no 11º ano de escolaridade. A própria professora admite que só depois de ter dado “Os Maias” aos seus alunos, é que passou a apreciar mais a obra queirosiana.

 Desta forma, no início de 2008, a coordenadora de “Lua Nova” começou a escrever o guião da peça que o grupo apresentaria no dia 7 de Abril. “Viagem em torno de Eça” é o título definitivo de um ensaio ao vivo. Por outras palavras, é o título de uma peça que retrata um ensaio de teatro: as personagens que os actores interpretam são eles próprios e, por isso, agem como se não estivessem em palco, como se tivessem acabado de se encontrar para decidirem o que iriam fazer no Festival de Teatro. Aliás, este é o tiro de partida para que o “ensaio” comece: um dos alunos diz que o tema deste segundo festival é Eça de Queirós. A partir daí, partilham os seus conhecimentos sobre este escritor português, chegando à conclusão que a melhor forma de falar sobre Eça e dá-lo a conhecer ao público seria entrevistando-o. Distribuídos os papéis para a entrevista, um dos alunos senta-se no centro do palco e assume-se como o escritor português; uma aluna veste o papel de jornalista;  uma outra tranforma-se na sua esposa, ficando sempre na companhia de uma empregada. Os restantes alunos,  vestidos com uma túnica branca, personificam os fantasmas de Eça de Queirós, estando escrito na parte de trás da veste branca o nome de algumas obras queirosianas. É assim retratada a última entrevista de Eça, em Paris.


> Os ensaios, aqui.